quinta-feira, julho 20, 2006

Cinco jogos para afastar a crise de criatividade

Por Chico Queiroz

Pelo tempo que levou a atualização desta coluna, imagina-se que haja uma falta de assunto capaz de fazer inveja à tão comentada crise de conteúdo dos games. Na verdade o que falta não é assunto, mas tempo.

Para aproveitar o gancho, e mostrar que os video games vêm ganhado em criatividade recentemente (ou pelo menos é essa minha opinião), publico aqui uma rápida lista de jogos que indicam novos (ou não tão novos assim) caminhos para os jogos eletrônicos. Contribuições, via comentários, serão sempre bem-vindas.

1. Spore (PC/PSP/DS, A ser lançado)
O que é?
O próximo jogo de Will Wright, criador de jogos como Sim City, The Sims, e considerado por muitos o maior designer de jogos em atividade. Spore deverá ser um épico sobre o universo(!), incluíndo desde o desenvolvimento de organismos unicelulares até viagens espaciais e guerras inter-estrelares, passando pela construção de civilizações.

Por que está na lista?
Entre as maiores atrações de Spore estão elementos que podem, genuinamente, revolucionar o modo como video games são jogados: A criação de conteúdo por parte dos jogadores será facilitado (e incentivado) pela presença de vários editores. Para alguns, criar seus personagens será a melhor parte do jogo. Além disso, Spore promete uma experiência que está sendo chamada por Wright de "Massively Single Player", que se refere à criação e distribuição de conteúdo criado e compartilhado por jogadores.

2. Façade (PC, 2005)
O que é?

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival Independente de Jogos Slamdance 2006, Façade é uma experiência em histórias interativas (interactive storytelling) de Michael Mateas e Andrew Stern. O jogador assume o papel de um amigo que visita o apartamento um casal em crise. A maior novidade é o fato de o jogador poder dialogar com outros personagens, que reagem e respondem suas palavras fazendo uso de uma impressionante Inteligência Artificial.

Por que está na lista?
Histórias interativas, termo que parece contraditório para alguns, são frequentemente apontadas como uma mina de ouro artística e comercial a ser explorada num futuro próximo. Façade é uma das primeiras (se não primeira) obras a permitir uma experiência similar àquela que se almeja para o futuro do entretenimento digital. Outro ponto a se destacar é o tema da história, pouco convencional em videogames, que aproxima o produto de mídias como filmes, sitcoms e novelas.


3. Electroplankton (Nintendo DS, 2005)
O que é?

Este "jogo" (talvez "brinquedo" descreva melhor sua natureza) para Nintendo DS consiste em várias atividades envolvendo musicalidade. Produzindo pelo artista multimídia Toshio Iwai, o universo de Electroplankton é composto de criaturas (os tais "plankton") que reagem à interação do jogador, gerando ritmos e melodias.

Por que está na lista?
Electroplankton foge de formatos convencionais para servir de instrumento ao jogador - e há quem componha utilizando este jogo para depois distribuir suas criações online. Além disto, o jogo em sí já é uma criação artística de Iwai.


4. The Movies (PC, 2005)

O que é?
Quase dois jogos em um, The Movies, idealizado por Peter Molyneux, põe o jogador no papel de cineasta / diretor de estúdio cinematográfico. Além da simulação de gerenciamento, o jogo ainda funciona como ferramenta para a criação e edição de filmes utilizando sua engine 3D, no melhor estilo machinima.

Por que está na lista?
Outro jogo a estimular a criatividade do jogador (talvez ainda mais que o título anterior), The Movies ainda conta com um website para que se divulguem e disponibilizem tais criações. Mais: alguns festivais cinematográficos contarão com sessões para curta-metragens elaborados no jogo.


5. McDonalds Game (Web, 2006)
O que é?
Não, não se trata de um jogo feito pelo McDonalds. Ao contrário, trata-se de um jogo sobre o McDonalds, feito pela companhia italiana Molleindustria, alertando para possíveis práticas danosas às pessoas e ao meio ambiente.

Por que está na lista?

Não bastasse a pertinência do tema e o fato de servir como denúncia a um problema, o jogo é particularmente bom em explorá-lo através de sua jogabilidade.




A lista, é claro, exclui alguns títulos importantes, como Nintendogs, Fable, Gish, Animal Crossing, Disaffected! e muitos outros - injustiças que deverão ser reparadas mais tarde. Não deixa de ser, no entanto, uma boa amostra do que parece ser uma retomada de criatividade em jogos eletrônicos.