segunda-feira, agosto 28, 2006

Falando sobre Molyneux - Parte 3/8

Dando continuidade a esse post, publicarei aqui a íntegra do artigo sobre o trabalho do designer Peter Molyneux e sua relação com o a alteridade. Este foi o tema de minha apresentação na FILE 2006 e também na 2a Conferência de Estudos de Videogames da Universidade da Florida.



Jogando o Outro:
Alteridade no Trabalho de Peter Molyneux


Por Chico Queiroz

Populous

Populous (Bullfrog Productions, 1989) deu origem ao gênero denominado ‘god simulation’ (simulação de divindades). O jogo põe o jogador no comando de uma divindade cujo poder é influenciado pelo numero de seguidores devotados e ele. Contando com uma variedade de poderes ambientais como manipulação de terreno, inundações e vulcões, o objetivo do jogador é dar poder a seus seguidores e eliminar os de outras divindades competidoras de uma ‘domínio teológico’ sobre a terra. Inovador, Populous foi o primeiro jogo onde Peter Molyneux é creditado como designer. Como indica a tela inicial da versão DOS do jogo (Fig. 1), há uma tendência em ilustrar a divindade do jogador como sendo benígna (um homem de barbas brancas que pode fazer lembrar Zeus ou uma representação estereotipada de Deus), e a de seu oponente, de feições também estereotipicamente demoníacas, como sendo maligna.


(Fig. 1)

Assim, a primeira referência à dicotomia bem / mal no trabalho de Molyneux opera da maneira anteriormente descrita neste artigo: O jogador, posicionado ao lado do bem, deve eliminar o maligno lado oposto. Poderia se argumentar que os seguidores deveriam ser considerados, também, ‘outros’. De fato, eles reagem às ações do jogador, não sendo diretamente controlados por ele. No entanto, pela relação simbiótica entre eles e seu deus, que por sinal não é representado por um personagem na tela, deveriam ser todos considerados instâncias do jogador.





Semana que vem: Dungeon Keeper

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